Carraças, os carrascos dos nossos melhores amigos
As carraças são parasitas externos que se alimentam de sangue. Existem vários géneros de carraças Rhipicephalus, Dermacentor, Ixodes, Amblyoma e Haemaphysalis. As carraças são encontradas com mais frequência nos cães do que nos gatos. Na sua forma adulta as carraças são visíveis à vista desarmada, sendo comum encontrá-las fixadas à pele dos animais, sobretudo, nas orelhas e entre os dedos. No entanto, pode encontrar-se em qualquer parte do corpo. A infestação por carraças pode ser assintomática ou podem aparecer nódulos inflamados no sítio onde elas se fixam. Além disto, as carraças podem transmitir parasitas (protozoários), quando se alimentam nos nossos animais de estimação. Os mais comuns na nossa região são a babesiose, a erliquiose e a ricketsiose. Os humanos ao serem picados por carraças poderão também ser infectados por estes parasitas e desenvolver doença.
A babesiose é uma doença parasitária causada por um protozoário microscópico que se aloja nos glóbulos vermelhos provocando a sua destruição. Os sintomas mais frequentes são febre alta, apatia, perda de sangue na urina, mucosas pálidas, podendo causar a morte do animal.
A erliquiose é uma doença que está distribuída por todo o mundo. Das várias espécies de Ehrlichia que podem causar doença, a Ehrlichia canis é a mais frequente. A apresentação clínica típica caracteriza-se por depressão, anorexia, febre, letargia, perda de peso leve com ou sem tendências hemorrágicas. O tratamento deve ser iniciado na fase inicial da doença para evitar que alcance a forma crónica.
A ricketsiose é uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida às pessoas por carraças parasitadas. A maioria dos casos é observada de março a outubro, quando está mais calor e as carraças estão mais activas. Normalmente esta doença causa febre, 4 a 5 dias após a picada da carraça. Podem aparecer petéquias e equimoses na mucosa oral e genital assim como edema, vermelhidão e úlceras nos lábios, ou nas extremidades das orelhas. Outros achados clínicos podem incluir anorexia, letargia, linfadenomegalia periférica, dor abdominal, dor articular, dificuldades respiratórias e disfunção neurológica. Em algumas situações pode haver, também, sangue nas fezes e na urina ou corrimento de sangue pelo nariz. Se o animal não for convenientemente tratado poderá morrer.
A única maneira de saber se o seu cão padece de alguma destas doenças é consultando um médico veterinário.
Normalmente, é mais fácil que os cães apanhem carraças em zonas com vegetação, mesmo os parques e jardins nas cidades, são potencialmente perigosos, apesar de no campo existir um maior risco. O mais importante é evitar ou reduzir o número de picadas, uma vez que, é através destas que há possibilidade de transmissão de agentes patogénicos. Normalmente, é necessário que a carraça esteja fixada cerca de 12 a 24 horas para produzir efeitos nefastos no animal.
As carraças podem ser retiradas manualmente com umas pinças de ponta fina. A carraça não deve ser torcida quando se retira, porque podem ficar partes da boca da carraça na pele. O corpo da carraça não deve ser queimado, picado ou espremido para matar, uma vez que os seus líquidos podem ser infecciosos.
O número de picadas pode ser reduzido pelo uso de produtos antiparasitários com efeito repelente e ou acaricida, que elimine as carraças. Podem aplicar-se produtos tópicos ('spot on') ou colares insecticidas. Os banhos com insecticidas não têm efeito residual (ao fim de poucos dias deixam de actuar) e quando mal doseados poderão provocar intoxicações graves nos animais.
Em infestações graves o ambiente deve ser tratado periodicamente com insecticidas adequados. A adopção de um esquema de prevenção contra as carraças deve ter em conta a altura do ano mais propícia a infestações. Em Portugal, o período de maior perigo é entre março e setembro.
Aconselhe-se junto ao seu Médico Veterinário sobre qual o produto que se ajusta melhor ao seu animal de estimação.